Quando se fala em retenção de talentos, o foco vai direto para o RH.
Mas segundo Robson Gimenes Pontes, especialista em estrutura e governança corporativa, os talentos permanecem — ou vão embora — por motivos que muitas vezes começam nos bastidores financeiros.
“Não existe clima bom se o salário atrasa. Não existe engajamento se os investimentos em desenvolvimento oscilam por falta de previsão. E não existe confiança se a empresa muda de rumo a cada novo trimestre”, afirma.
Robson acompanha há anos empresas em diferentes estágios de maturidade, e é categórico: o time técnico — especialmente o financeiro — tem influência direta na sensação de segurança que sustenta a cultura da empresa. Mesmo que não apareça nos discursos.
Para ele, existem pelo menos quatro pontos em que o setor financeiro impacta diretamente a retenção de talentos:
- Previsibilidade de pagamento e benefícios
Não é apenas sobre pagar em dia. É sobre fazer isso com tranquilidade, sem crises internas recorrentes que gerem ruído nos corredores. “Profissionais qualificados percebem instabilidade antes que ela seja comunicada”, diz. - Clareza na capacidade de investimento em pessoas
Times de alto desempenho querem crescer — e sabem identificar quando a empresa tem estrutura para isso. “Quando o financeiro atua com projeções sólidas e sustenta decisões de crescimento com dados, o time sente que pode confiar.” - Apoio a decisões estratégicas que afetam a operação
Cortes mal planejados, investimentos desalinhados e pressão por metas sem base técnica desmotivam os times. O financeiro pode — e deve — participar do equilíbrio. “Decisões técnicas maduras protegem o clima interno.” - Contribuição silenciosa à reputação interna
Uma empresa com processos financeiros organizados transmite confiança. E confiança retém. “Pessoas boas ficam onde sentem que o todo está sendo bem conduzido.”
Robson lembra ainda que os melhores talentos não saem apenas por salário. Eles saem por percepção de futuro. E é o setor financeiro que, com base realista, sustenta essa percepção.
“Quando o RH tem um setor técnico forte ao lado, tudo funciona melhor. As promessas são entregues. Os compromissos são cumpridos. E o plano de carreira não vira só um slide bonito na integração.”
Autor: Junde Carlos Pereira