A permanência dos jovens no campo tem se tornado um dos grandes desafios, e ao mesmo tempo uma das mais promissoras oportunidades, do agronegócio brasileiro. Em um ambiente historicamente marcado pelo êxodo rural, o incentivo à sucessão familiar e ao empreendedorismo jovem surge como estratégia para revitalizar áreas rurais, fortalecer a produção agrícola e promover inovação no meio rural. Segundo o empresário Aldo Vendramin, investir nos jovens é garantir que o campo continue produtivo, sustentável e competitivo diante das transformações socioeconômicas e tecnológicas em curso.
Mais do que manter os filhos na propriedade rural, é preciso oferecer condições para que desenvolvam seus próprios projetos, com autonomia, propósito e visão de futuro. Muitos desses jovens têm formação técnica, acesso à tecnologia, habilidades digitais e um olhar inovador que pode transformar a lógica tradicional da produção. No entanto, para que possam atuar com liberdade e protagonismo, é fundamental que tenham acesso a políticas públicas, crédito, capacitação e reconhecimento dentro e fora das comunidades em que vivem.

Protagonismo dos jovens no campo como motor de transformação
A presença de jovens no campo está diretamente ligada ao dinamismo e à renovação das práticas produtivas. Quando estimulados e valorizados, eles passam a liderar mudanças em áreas como agricultura de precisão, agroecologia, comercialização digital, turismo rural e agregação de valor aos produtos da propriedade. De acordo com Aldo Vendramin, é justamente esse perfil conectado e curioso que permite aos jovens reinterpretar a tradição da agricultura familiar sob uma nova ótica: mais empreendedora, mais tecnológica e mais integrada ao mundo contemporâneo.
Iniciativas como feiras de jovens empreendedores, programas de sucessão familiar, projetos de cooperativismo juvenil e apoio ao associativismo rural têm mostrado resultados promissores. Além disso, organizações sociais, escolas técnicas e universidades vêm desempenhando papel importante na formação de lideranças jovens que atuam com consciência ambiental, responsabilidade social e visão de mercado. Esses jovens, ao assumirem protagonismo na produção, passam também a gerar emprego, renda e desenvolvimento para suas comunidades.
Barreiras à sucessão familiar e como superá-las
Apesar dos avanços, o processo de sucessão familiar ainda enfrenta resistências culturais e práticas. Muitos pais produtores têm receio de ceder a gestão da propriedade, enquanto os jovens sentem-se desmotivados pela ausência de diálogo, rigidez nas estruturas familiares ou falta de incentivo concreto. Conforme observa Aldo Vendramin, é necessário criar um ambiente de escuta e cooperação entre gerações, no qual o saber tradicional e a inovação caminhem lado a lado, de forma construtiva e respeitosa.
Outro ponto importante é garantir acesso a crédito rural direcionado para jovens, além de desburocratizar a implementação de projetos e valorizar a formação técnica. Muitas vezes, ideias criativas esbarram na falta de apoio institucional ou na dificuldade de inserção nos mercados formais. Romper essas barreiras requer políticas públicas consistentes, sensibilidade das lideranças locais e uma visão estratégica sobre o futuro do campo.
Empreendedorismo rural como caminho de permanência e prosperidade
O incentivo ao empreendedorismo entre jovens no campo é uma das maneiras mais eficazes de promover sua permanência com dignidade e perspectiva. Negócios que envolvem transformação de alimentos, produção sustentável, artesanato, produtos orgânicos, criação de conteúdo digital sobre o agro ou prestação de serviços tecnológicos mostram o potencial de inovação que existe nas mãos da juventude rural. Aldo Vendramin ressalta que quando os jovens veem a propriedade como espaço de criação e realização, sua relação com a terra muda: deixa de ser obrigação e passa a ser escolha consciente e estratégica.
Além do impacto econômico, o empreendedorismo jovem no meio rural contribui para a autoestima, identidade cultural e estabilidade das famílias. Jovens motivados, reconhecidos e apoiados tornam-se agentes de transformação que conectam o campo às dinâmicas sociais e econômicas contemporâneas. Eles são, portanto, o elo entre tradição e futuro, capazes de manter viva a essência do agro brasileiro enquanto imprimem sua própria marca de inovação.
Autor: Junde Carlos Pereira