Uma pesquisa recente revelou uma mudança importante no comportamento dos jovens brasileiros: a preferência por influenciadores digitais como fonte de informação ultrapassou a dos meios de comunicação tradicionais. A internet deixou de ser apenas um canal de entretenimento e tornou-se o principal caminho para compreender o mundo.
Grande parte dessa preferência está relacionada à linguagem usada pelos criadores. Enquanto jornais, TV e rádio mantêm uma estrutura formal e distante, os influenciadores falam de temas sociais, culturais e políticos com humor, emoção e proximidade. Os jovens sentem que a comunicação é feita “de igual para igual”.
Esse vínculo emocional fortalece a sensação de confiança. O público não recebe apenas informações — recebe conselhos, opiniões e interpretações de alguém que admira ou acompanha diariamente. Isso cria um sentimento de identificação que os veículos tradicionais raramente conseguem alcançar.
Além disso, o formato favorece o consumo. Vídeos curtos, posts rápidos e lives interativas adaptam-se à velocidade do dia a dia digital. A informação circula de forma instantânea e viral, alcançando pessoas que, de outra forma, talvez não se interessassem por temas noticiosos.
Essa mudança de cenário tem impacto direto em debates sociais e políticos. Muitos jovens constroem sua visão de mundo com base no conteúdo produzido por influenciadores, que funcionam como mediadores culturais e, às vezes, como líderes de opinião.
Entretanto, surgem desafios relevantes. Quando influenciadores assumem papel informativo, passam a lidar com responsabilidade semelhante à do jornalismo, mesmo sem obrigatoriedade de apurar factos ou seguir normas editoriais. Isso pode favorecer a disseminação de opiniões como se fossem verdades absolutas.
Também cresce a necessidade de literacia digital. Com tantas fontes e estilos de comunicação, o público precisa aprender a diferenciar opinião, dados confirmados, publicidade e narrativa emocional. Essa habilidade é essencial para preservar a qualidade do debate público.
A tendência, porém, é irreversível. A juventude definiu seu ambiente principal de informação, e os influenciadores tornaram-se protagonistas nesse processo. O futuro da comunicação dependerá do equilíbrio entre proximidade, credibilidade e responsabilidade na construção de conhecimento coletivo.
Autor: Junde Carlos Pereira

