À medida que o marketing de influência cresce no Brasil, um obstáculo importante vem ganhando destaque: a falta de profissionalização de grande parte dos influenciadores prejudica não apenas os criadores, mas também marcas e o próprio mercado digital.
Muitas empresas relatam que encontram dificuldade em trabalhar com criadores que não cumprem prazos, não entregam conteúdo dentro das especificações ou não entendem contratos e responsabilidades comerciais. Isso reduz a confiança e afasta oportunidades.
A informalidade foi suficiente no início da era digital, quando campanhas com influenciadores eram experimentais. No entanto, com o crescimento do setor, as exigências aumentaram — métricas, metas de performance, briefing e alinhamento comercial se tornaram parte da rotina.
No lado dos criadores, a falta de formação técnica torna o processo mais difícil. Muitos tentam aprender tudo sozinhos e acabam sobrecarregados, com dificuldades de gerir agenda, identificar nicho, negociar valores e fazer análises estratégicas.
Outro ponto crítico é a falta de conhecimento financeiro. Muitos influenciadores não se organizam para lidar com períodos de baixa demanda, impostos, investimentos na produção e gestão de renda variável, o que reduz a estabilidade a longo prazo.
A profissionalização também passa pela construção de uma identidade autêntica. Quando criadores produzem conteúdo apenas para agradar o algoritmo ou para fechar parcerias, perdem credibilidade — e o público percebe rapidamente.
Apesar dos desafios, o setor está a evoluir. Cresce o número de profissionais que oferecem serviços especializados para influenciadores, como gestores de carreira, produtores audiovisuais, advogados e consultores de marketing.
O futuro do marketing de influência no Brasil dependerá da capacidade dos criadores de se posicionarem como profissionais completos — não apenas produtores de conteúdo, mas gestores da própria marca e do próprio negócio.
Autor: Junde Carlos Pereira

