A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) adotou medidas de austeridade para lidar com os recentes cortes no orçamento, que incluem o fechamento de uma das portarias de sua sede em Brasília e a redução do pacote de internet dos celulares funcionais de seus agentes. Essas ações fazem parte de um esforço para enfrentar as restrições orçamentárias que vêm impactando diretamente as operações da agência.
Segundo fontes internas da Abin, que preferiram não se identificar, há um crescente descontentamento com a forma como o governo do presidente Lula tem lidado com a agência. Os agentes afirmam que a falta de recursos está comprometendo operações de inteligência consideradas essenciais para a segurança nacional, criando um cenário preocupante para a instituição.
Uma das medidas mais polêmicas foi a redução do pacote de internet dos celulares funcionais, cortando pela metade o volume de dados disponíveis. Essa decisão tem sido duramente criticada pelos agentes, que argumentam que a limitação afeta diretamente a execução das operações e vai contra normas de segurança que desaconselham o uso de dispositivos pessoais e redes Wi-Fi.
A direção da Abin ainda não se pronunciou oficialmente sobre as medidas adotadas, mas interlocutores do diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, sugerem que a revisão de contratos é uma resposta direta aos cortes sucessivos no orçamento desde o início do ano. Entre as medidas de contenção, está também a redução do contrato com a empresa de segurança, o que resultou no fechamento de uma portaria, obrigando os servidores a percorrerem cerca de 800 metros até a entrada principal.
Outro ponto que gerou insatisfação entre os servidores foi o corte de banhos quentes em parte dos chuveiros disponibilizados para os funcionários. Embora a direção negue mudanças nesse sentido, agentes relataram que fios foram cortados nos chuveiros, supostamente para reduzir os custos com energia elétrica.
O orçamento discricionário da Abin para 2024 foi inicialmente proposto em R$ 112 milhões, mas acabou sendo reduzido para R$ 93,8 milhões pelo Congresso Nacional. Além disso, o governo realizou um corte adicional de R$ 16,7 milhões ao longo do ano, deixando a agência com apenas R$ 77,1 milhões para suas atividades, dos quais R$ 53,3 milhões já estão comprometidos com despesas fixas.
Para o ano de 2025, o governo federal propôs um orçamento de R$ 93,9 milhões para a Abin, um valor inferior ao sugerido no ano anterior e próximo ao que havia sido proposto pelo governo de Jair Bolsonaro em 2022. A preocupação entre os agentes é de que a estrutura da agência continue a ser enfraquecida, especialmente após as suspeitas de espionagem envolvendo a gestão de Alexandre Ramagem, ex-diretor da instituição.
As medidas de austeridade adotadas pela Abin refletem um cenário de dificuldades financeiras que afeta não apenas a agência de inteligência, mas diversos setores do governo. Essa situação levanta preocupações sobre a capacidade da Abin de continuar desempenhando suas funções críticas de inteligência e segurança nacional, em um momento de crescentes desafios no cenário global.